sexta-feira, 25 de junho de 2010

Hortolândia cria ferramenta inédita no combate à dengue

Protótipo, desenvolvido no Centro de Controle Zoonozes, pode revolucionar combate ao Aedes aegypt,

Dr. Paulo Mancuso explica funcionamento
da armadilha de tela excluidora
 
Surge uma nova ferramenta no combate à dengue. Totalmente desenvolvida em Hortolândia, a armadilha de tela excluidora foi construída e testada no Centro de Controle de Zoonozes.O invento, patenteado pelo médico veterinário Paulo José Mancuso, coordenador do CCZ, é inédito em todo o Brasil e, conforme demonstraram os testes já realizados, impede a 
      procriação do mosquito Aedes aeegypt e, ainda, mata mosquitos adultos.

A técnica consiste em um recipiente com água parada, protegido por uma tela. Sobre a tela, é colocado um pequeno pedaço de madeira – previamente envolvido em inseticida. “O recipiente atrai fêmeas do mosquito Aedes aegypt, que botam ali, próximo da tela, seus ovos. Depois de os ovos eclodirem, as larvas descem até a água para se desenvolver. Mas quando elas se tornam mosquito, não conseguem sair por causa da tela. 
 
 Armadilha em teste: fêmeas e machos
do Aedes aegypt mortos
 
Além disso, a aplicação de ‘fenitrotion’ (tipo de inseticida) na madeira, garante o extermínio das fêmeas. Matamos os mosquitos adultos e impedimos a sobrevivência das larvas”, explicou o médico veterinário.
 
A surpresa da equipe do CCZ que participou dos testes com a armadilha surgiu ao perceber que os machos também foram atraídos pela ferramenta. “Pensávamos que apenas as fêmeas iam até o criadouro. Mas os machos também visitam o local onde as fêmeas põem os ovos. A armadilha é eficaz para os dois mosquitos. O foco da armadilha são as fêmeas porque só elas picam e transmitem a dengue. Mas conseguimos matar os machos também”, comemora Mancuso.

A ideia de construir a armadilha surgiu há oito anos. No entanto, a falta de parceiros que pudessem colaborar na construção da ferramenta adiaram os testes. “O primeiro protótipo foi construído em uma bandeja de tinta, mas cada unidade custava R$ 5 reais. Depois, procurei o apoio de órgãos estaduais, mas me pediram um investimento inicial de R$ 20 mil para os testes”, disse Mancuso. “Por isso, resolvi montar uma estação de trabalho aqui no CCZ e a própria equipe construiu as 20 primeiras unidades, utilizando potes de sorvete”.

O material utilizado para a construção da armadilha é simples, mas a eficácia da invenção só é garantida se todos os requisitos de segurança forem seguidos. A existência de ladrões, por onde a água possa escoar em um nível abaixo da tela, por exemplo, evita que o sistema não se torne um criadouro. Assim, o recipiente pode ser colocado em jardim, a céu aberto, sem a necessidade de ser frequentemente vistoriado.

O mosquito Aedes aegytp, cuja fêmea é o único transmissor da dengue, vive até 90 dias. Atualmente, a maneira mais eficiente de evitar a proliferação da doença é realizando a retirada de criadouros. Isso porque, até que os primeiros sintomas sejam percebidos por alguém infectado, o mosquito transmissor pode picar outras pessoas.

TESTE DE CAMPO
A partir da segunda-feira (28), o CCZ realizará testes de campo com a armadilha excluidora. O primeiro teste será em residências do Jardim Amanda. A intenção é trocar criadouros reais pelo protótipo construído, uma vez que no local já haverá a circulação do mosquito Aedes aegypt.

“O veneno tem eficácia por 60 dias, sendo que em um quarteirão onde há casos de dengue, 20 armadilhas são suficientes. O sistema é uma inovação, pois diminui o impacto ambiental e o risco operacional causado pelo uso de inseticida contra a dengue”, disse.

Conforme o coordenador do CCZ, se a utilização da armadilha se tornar rotina, grandes epidemias serão evitadas. “Em 1996, a dengue chegou na região, e mais de 90 casos eram tratados como epidemia. Hoje temos mais de 900 casos confirmados e um volume muito maior de mosquito circulando”, justificou Mancuso.

CCZ busca parceria para produção de armadilha

Apesar do pequeno custo demandado para a construção da armadilha de tela excluidora (aproximadamente R$ 1,00 cada unidade), o CCZ busca parcerias para a fabricação do protótipo em grande escala. Para uma epidemia considerada pequena, são necessárias cinco mil unidades do equipamento.

Como apenas a equipe do CCZ de Hortolândia trabalha na fabricação do invento, existem apenas 20 unidades no município. Por isso, além das parcerias, o CCZ aceita doações de potes de sorvete. “Acima de 40 unidades, basta solicitar a retirada que nossa equipe vai até o local”, garantiu o veterinário.

O Centro de Controle de Zoonozes de Hortolândia fica na Rua Atanásio Gigo, nº 160, na Chácara Recreio 2000. O telefone do local é o (19) 3819-7803.
 
fonte: Prefeitura de Hortolândia

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